Blues


Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez.
Então solte suas amarras.
Afaste-se do porto seguro.
Agarre o vento em suas velas.
Explore.
Sonhe.
Descubra.

Mark Twain

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Certeza do Incerto

A garota caminhou por mais horas do que as que eram precisas.
Caminhou até os pés doerem, e até esquecer para onde estava indo.
Parou na beira do despenhadeiro, quando o sol há muito abandonara o mundo dos homens.
E pulou.
Pulou simplesmente. 
Ali encerrou sua vida.
Sem mais.
Sem menos.
A única certeza era a de seu suicídio.
Dos braços cálidos da morte que a abraçaram.
Do modo que seu corpo espatifou-se nas pedras quatrocentos metros abaixo.
Tudo breve, como um piscar de olhos para afastar lágrimas rebeldes.
E sua alma deixou o mundo dos homens, tal qual o sol fizera.
Nos seus lábios, houve um sorriso.
Sorriso da certeza de que não sabia para onde estava indo, mas sabia do seu propósito.
Sorriso suicida, consequência da mente revolta ou decepcionada, ou mesmo ambas as coisas.
Seu nome ninguém soube.
Seu rosto reconheceram como familiar, mas não mais que isso.
Nada além.
A garota certamente não se importava que a conhecessem ou não, visto que só queria morrer.
Pôr um ponto final na vida.
E talvez ir para um lugar melhor, onde tudo fosse diferente e onde seus sorrisos pudessem ser mais sinceros.
Morrera em busca de um mundo melhor que não pudera encontrar em vida.
E que talvez não encontrasse em morte, mas não deixem que ela saiba.
Afinal, poucas coisas são melhores do que acreditar estar certo de determinada questão, e encará-la como uma verdade universal.
Poucas coisas no ser humano são melhores do que a sensação de certeza.
Mesmo no fim.

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