Hoje eu apresento a primeira postagem do Camaradagem.E ao contrário do que sugere o título, não falarei do MSN. Falarei de um livro.Um livro bem bacana, que é um dos melhores, se não o melhor, dentre os que já li.Então chega de enrolação.Vamos ao que interessa.
(O Livro teve duas edições aqui no Brasil)
"Eu sou o Mensageiro" é um livro simples. A linguagem não é nada difícil e você não precisa ser um cara letrado, nem estar com um dicionário do lado para compreender a linguagem do livro. Conta a história de um zé-ninguém. Um cara chamado Ed Kennedy, que é taxista, mora com um cachorro fedorento, tem uma mãe rude pra caracas e uns amigos que são uma comédia ou um drama dependendo do momento.A narração do livro é fantástica e flui muitas vezes com certa poesia. Há uma personificação de sentimentos e de outras coisas (que agora não recordo o nome hehe), como ocorre em “A Menina que Roubava Livros”, e que eu já conto como uma marca registrada do Zusak (Aquela coisa de dar exclusividades de seres vivos a coisas não vivas ou abstratas. Tipo nessa parte “O silêncio se aproxima mais ainda, me dá uma porrada e me empurra pra frente” sacou?). Digam o que disserem, eu cheguei a preferi-la à narração do "A Menina que Roubava Livros", que, por acaso é do mesmo autor, o Markus Zusak. Eu fiquei louco depois que li e saí varando uma porrada de páginas da web pra ver se encontrava mais livros dele traduzidos em português. O cara tem seis livros publicados. Seis livros que tenho plena certeza de que são bons. Mas não chegaram ao país ainda, e nesse ponto eu só tenho a lamentar.Bem, continuando...A história começa com um assalto a banco pra lá de aloprado. E, de alguma forma, o Ed consegue impedir a parada, de modo que o "assaltante mané" (nas palavras do próprio Ed) vai preso e levado a julgamento. Nesse tal julgamento o bandido diz umas palavras que marcam as calças dele:Tu é um homem morto, velho. Espera só pra ver… Se liga no que tô te dizendo. Lembre disso todo dia quando se olhar no espelho, malandro. Tu é um homem morto.O engraçado é que até os detalhes mais bobos do livro podem se mostrar significantes várias páginas à frente. Especialmente se tratando das cartas que o Ed passa a receber após o assalto. Cartas de baralho, cada uma com algo escrito que dá pistas do que ele precisa fazer (endereços, nomes de pessoas, e por aqui me detenho para não dar muito spoiler).O Ed é o tipo de cara que adora jogar cartas com os amigos e quando ele recebe a primeira (um às de ouros) ele já saca que quem lhe mandou a parada foi alguém que conhecia os hobbies dele.
Você já saca muito da consistência dos personagens já pelos primeiros capítulos. O Marvin (ou Marv), por exemplo, que é um dos amigos fracassados do Ed, é o tipo de cara estressado que fica pê da vida facinho, facinho. Especialmente quando falam mal do carro dele. O Ritchie é um cara tranquilão, que na maior parte do tempo, não se pronuncia muito e com ele “tanto faz, tanto fez”. A Audrey é uma personagem que consegue ser perfeita cheia de imperfeições e o Ed é super a fim dela. Até o Porteiro… que é o cachorro fedido viciado em café também tem sua sustança como um bom personagem. Mas a mais forte talvez seja a própria mãe do Ed, durona e com uma boca bem suja. Ou o próprio Ed, cujo desenvolvimento você acompanha e fica torcendo por ele.
Principalmente porque você vê o Ed mudando no decorrer das páginas. E é bem capaz que você mude junto com ele. Que você encontre suas próprias mensagens, mesmo que não sejam materiais.É o que torna o “Eu Sou o Mensageiro” um livro bacana pra qualquer um. Tanto para aquele que busca algo pra rir, pra se divertir e passar o tempo quanto para aquele que deseja tirar alguma aprendizagem do livro.E eu concluo com as palavras do jornal O GLOBO, que traduziu muito bem o que o livro do Zusak busca mostrar.“Assim como em A menina que roubava livros, por trás do humor, do inusitado e de uma certa leveza há profundos questionamentos em Eu sou o mensageiro. Se lá era a Morte que contava a história, aqui o protagonista não apenas muda a vida das pessoas, mas ele próprio vai se transformando em algo melhor, mesmo que de uma forma confusa. Sem querer passar mensagens do tipo ‘moral da história', Zusak nos faz enxergar o óbvio: o autoconhecimento é a primeira condição para darmos um passo à frente.”